quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Saudades da minha Infância
“Oh! que saudades que tenho. Da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais!”

Que saudade da minha infância, do meu tempo de menina lá na minha Petrolina. Já não consigo lembrar dos acontecimentos do dia a dia, na vertiginosa passagem do tempo atual... São muitas as informações e tudo passa tão rápido! Mas as lembranças dos tempos idos, passados tão languidamente, ainda estão na memória. Nada tinha pressa. Tudo era saboreado pelas beiradas, como um grande prato de mingau ainda quente.
 
 

 Na frente de casa chegou o parque do “Luizinho”, onde brincávamos (de graça) nos barquinhos e na onda, aproveitando para vasculhar cada recanto daquele lugar, nos imiscuindo na vida de cada um. O circo também montou seu picadeiro por lá, e íamos atrás do palhaço gritando em alto e bom som: “O palhaço o que é – Ladrão de mulher” “Tá certo ou não tá? – Tá” “Arrocha negrada - Uhhhhhhh.”
 
 

A rua era a extensão da nossa casa.

No São João saltávamos as fogueiras e nos tornávamos comadres e compadres: “São João dormiu, São João acordou, vamos ser comadres que São João mandou”. Os fogos não davam para uma noitada e o jeito era improvisar: colocava pedaços de bombril no cabo da vassoura, acendia e ficava a rodar, rodar, enxergando mil estrelinhas pelo ar.

 Imitando as batucadas que saiam no carnaval, lá íamos nós infernizando a vizinhança, munidos de latas, panelas e paus a fazer o nosso animado e barulhento som.

 As cantigas de roda entravam noite adentro. A brincadeira começava sem tempo para acabar.
Eram tantas!! Citando apenas algumas delas:
 
 “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...”;

“Atirei o pau no gato-to, mas o gato-to não morreu-reu-reu...”;

“Samba lê lê tá doente, tá com a perna quebrada...”;

 “Ciranda cirandinha vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar”;

 “Eu sou rica, rica, rica, de marré, marré, marré, eu sou rica rica rica de marré deci...”.

 Brincar de esconde-esconde: 31 alerta!!!!!! Ou então de passa anel, matança, amarelinha e tantas outras brincadeiras.

 Se não queria nenhuma dessas, restava refestelar na porta de casa a ouvir causos, histórias de tempos idos, até soar as dez badaladas do sino da Catedral. A partir daí a regra era: todos pra dentro porque a luz já vai apagar.
xxxx
Tempos bons que ficaram na lembrança.
Grácia
 

3 comentários:

  1. Tivemos uma infância alegre, de muitas brincadeiras sadias que nos fizeram dar valor à vida, aos relacionamentos e às amizades verdadeiras.
    Não precisava muita coisa para nos divertirmos e a criatividade andava solta!!
    Muito bom ter momentos bons para recordar.
    Beijos

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  2. Que saudade que me deu agora... As crianças de hoje não sabem o que é brincar de verdade... Tempos bons!!

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  3. Verdade irmãs"velhos tempos , lindos dias!

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