quarta-feira, 23 de julho de 2014

Terça-feira, 22 de julho de 2014
Maria Madalena Caffé
 

Hoje, 22 de Julho, dia de Santa Maria Madalena, seria o aniversário da nossa avó materna: Maria Madalena Lino Caffé, carinhosamente chamada por "Mariquinhas".
"Vó Mariquinhas" foi um exemplo para todos nós. Mulher forte e guerreira, ficou viúva muito cedo e criou com coragem e dedicação seus  6 filhos, tirando o sustento das suas mãos de fada, pois era uma exímia costureira de camisas masculinas.
Era uma mulher inteligente, que gostava de acompanhar os noticiarios e acontecimentos do nosso País,  não havendo assunto que a deixasse por fora das discussões. Era muito "antenada" para o seu tempo.

Nesta data de grande importância para todos nós, aproveitamos para postar um texto feito em sua homenagem, a partir das lembranças de cada um dos seus netos, filhos de Laurília (nossa mãe e sua filha caçula):


Vovó Mariquinhas, com sua postura séria, requintada e com olhar enigmático, era o reflexo do compromisso assumido muito cedo, com a prematura morte de vovô Antonio.

Sentada no seu cantinho, com seus bordados coloridos, falava de tudo um pouco, inteligência que ultrapassava os limites do seu tempo. Vários amigos e parentes, vinham se aconselhar, ouvir opiniões, compartilhar acontecimentos. Foi muito querida e bem relacionada na cidade que escolheu para viver.

Mantinha-se sempre atualizada com os assuntos, especialmente da cidade de Juazeiro, e fazia questão de comentar com os amigos que a visitava. Admiradora das " modernidades", chegou a me dizer a Yara um dia: "como eu gostaria de ter nascido agora"....

No seu papel de avó, nos colocava para bordar pontos de cruz ou fazer trabalhos de crochê e exigia que ficasse tudo muito bem feito. Se ela achasse que não estava bom mandava desmanchar e começar tudo novamente, até acertar. A época era de mulheres prendadas e ela queria netas prontas e valorizadas para os padrões da sociedade.

Esbelta, elegante nos seus “tailleur” , quase sempre pretos ou cinza, ia todos os dias ao comércio, comprar aviamentos ou tecidos para os seus trabalhos pois costurava camisas e pijamas para a elite de Juazeiro. Ia de loja em loja cumprimentado a todos, dando uma prosinha ali e acolá. 

Bem perfumada e com os cabelos penteados em um coque, vovó Mariquinhas ia visitar tio Camerino, seu irmão, e fazia questão de saber as novidades do lugar.
Naquela casa grande que cabia todos os sonhos de criança, ela passava horas renovando as forças, com pessoas que muita amava, para voltar à sua rotina de leitura, costuras e bordados.

Em casa, tinha momentos de sentimentos contidos, de lembranças que se misturavam com as fotos reveladas em preto e branco, cores que muitas vezes, levaram-na para a solidão de si mesmas, mas, como não há dor que não se acabe, deixemos tocar as badaladas do relógio da sala despertando a certeza do dever cumprido.

O cheirinho gostoso que vinha das flores do seu jardim fazia da sua casa um lar aconchegante e pronto para receber todos com alegria e muitos doces. Ainda hoje, ao passar por algum jasmim, esse cheirinho nos transporta àquela casa, onde passamos tantos momentos de carinho e aprendizado.

Vovó Mariquinhas nos deixou uma herança religiosa maravilhosa, com a sua intensa participação em vários movimentos da igreja e como membro do Apostolado da Oração.

Duas avós tão diferentes em aparência física e modo de vida, mas que deixaram em nós lembranças ternas de amor, atenção, carinho e cuidado. Pessoas tão distintas e adoradas que contribuíram para a construção da nossa história, misturando simplicidade com autoridade e promovendo em nossas vidas, um elo de amor e respeito.

Um comentário:

  1. Adorei a homenagem! Muito fiel a figura de Vó Mariquinhas e a todono contexto daquela época.

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